
Não é muito conhecido o desenvolvimento urbanístico e os distintos sectores da povoação romana de Vipasca, contudo, do seu auge mineiro e da atração que estas minas exerceram durante os seculos I e II d. C., podemos ter uma ideia a partir da necrópole de Valdoca, situada junto ao povoado Vipasca. Neste local foram escavados dois sectores, um deles junto da Chaminé da Transtagana, denominado “Casa do Procurador” pelos seus primeiros escavadores (1954) devido á qualidade dos materiais recolhidos, e uma intervenção de salvamento (1982) na Lavaria Piloto.
A denominada Casa do Procurador não é um edifício isolado, trata-se de uma das componentes deste povoado mineiro-metalúrgico romano. As estruturas prolongam-se sob os terrenos de calcinação das pirites e na área utilizada pela Companhia de Mineração Transtagana para a construção de três chaminés de queima de pirite.
Para alem dos materiais recolhidos na década de 50 do seculo XX na área da Casa do Procurador e da chaminé da Transtagana, foram sendo recolhidos, ao longo dos anos, diversos materiais cerâmicos nesses locais, que hoje se encontram depositados no Museu Municipal.
Este material, na sua maior parte inédito, compreende diversos tipos cerâmicos romanos de mesa, cozinha, transporte e cerâmicas comuns de origem regional e local.
Todas as cerâmicas foram feitas a torno, com tonalidades que oscilam entre o vermelho e o castanho, ainda que algumas formas, como as caçarolas, utilizem uma pasta de cor esbranquiçada. De um modo geral, estão bem depuradas, sem desengordurantes percetíveis, com boa cozedura e com acabamentos sem tratamento, salvo os espatulados interiores dos alguidares, a pintura preta e branca dos jarros e tigelas, bem como o vidrado transparente das caçarolas.